Decentraland Brasil: coletivo cria conteúdos para impulsionar a entrada de brasileiros no metaverso
Apesar das notícias veiculadas no segundo trimestre deste ano, o metaverso segue vivo e com um pedaço do Brasil. Dentro do Decentraland, um dos universos virtuais que se tornou popular nos últimos anos, um coletivo resolveu focar seus esforços em tornar o metaverso mais amigável aos brasileiros. O Cointelegraph Brasil conversou com membros da Decentraland Brasil sobre a atuação do coletivo.
Reduzindo as barreiras para brasileiros
A Decentraland Brasil surgiu para tornar o metaverso mais acessível aos brasileiros, através da criação de conteúdos em português, afirma Atrovenado, fundador do coletivo. Ele conta que a falta de conteúdo em português limitava a participação do público brasileiro.
“Para o pessoal que nasce em países que têm o inglês como língua-mãe é muito simples, eles acabam não entendendo essa limitação pelo idioma. A partir do momento que você cria uma comunidade com a sua língua, que fala da sua cultura, é possível aproximar muito mais as pessoas e criar um engajamento muito maior”, afirma Atrovenado.
O fundador da Decentraland Brasil conta que o coletivo tem dialogado com organizações ligadas ao metaverso para criar comunidades focadas nas diferentes culturas espalhadas pelo mundo. Para isso, um novo tipo de incentivo, destinado a líderes de comunidade, será criado.
Brasileiros em evento organizado pela Decentraland Brasil. Imagem: Decentraland Brasil/Twitter
Além da busca pela popularização da Decentraland para o público brasileiro através de conteúdo localizado, Atrovenado conta que o coletivo também tem se esforçado em deixar a experiência do usuário mais simples. Ele afirma que muitos usuários mais velhos, que não cresceram imersos em jogos, se interessam pelo metaverso. A falta de familiaridade com os comandos, porém, afasta esses novos usuários.
“São pessoas que não estão acostumadas com coisas que podem parecer simples, como as teclas WASD serem usadas para movimentar o avatar. O centro da vida no metaverso é o seu avatar, e se você não tem controle sobre seu avatar, a tendência é ficar frustrado.”
Mantendo a comunidade engajada
Apesar dos esforços feitos para embarcar novos brasileiros no metaverso, a Decentraland Brasil também tem dedicado atenção para manter esses novos usuários interagindo no universo virtual. São oferecidas aulas para aprender a interagir com o software Blender, conteúdos relacionados a jogos e, em breve, serão oferecidas aulas de inglês pelo coletivo.
Como comunidade, a Decentraland Brasil oferece calls diárias em seu servidor no Discord, e faz um tour pelos jogos espalhados pelo metaverso às terças-feiras. Em seu canal no YouTube, o coletivo também disponibiliza conteúdos educativos em português.
O coletivo também organiza eventos, como o Carnaval 2023 realizado dentro do metaverso, conta Atrovenado. “Nós temos eventos todos os dias em nosso Discord”, diz.
Carnaval no metaverso organizado pela Decentraland Brasil. Imagem: Decentraland Brasil/Twitter
Embarcando entidades
Além de facilitar a entrada de entusiastas no metaverso, a Decentraland Brasil também realiza ações com entidades. Uma delas é o Movimento Black Money que, nas últimas semanas, tem feito palestras com apoio do coletivo de brasileiros. Outro exemplo é a Samsung, que abriu a House of SAM na Decentraland e tem recebido apoio do coletivo.
Instituições de ensino também têm chegado ao metaverso com apoio da Decentraland Brasil, afirma Atrovenado. “Somos parceiros de várias instituições de ensino, como Mackenzie, Puc, Educ 360, MetaSafe e ANPPD [Associação Nacional dos Profissionais de Privacidade de Dados].”
‘Um pouquinho do Brasil’
Isabela Gomes é uma animadora 3D brasileira que, desde 2021, integra o time da Fundação Decentraland. A animadora conta que, assim como muitos usuários e profissionais da Web3, caiu nesse ecossistema de paraquedas.
“Não sabia nada! A Fundação precisava de animador 3D, e uma pessoa do RH deles entrou em contato comigo no LinkedIn. Na época eu fiquei: ‘nossa, o que é Decentraland? Do que ela tá falando?’, porque é um conceito meio abstrato. Mas aí fiz o teste, entrei e caí no meio dessa bagunça”, conta Gomes.
A animadora atua ativamente no design de emotes, que são ações que os avatares da Decentraland podem performar. Esses emotes se tornaram parte fundamental do metaverso, explica Gomes, já que eles preenchem as mecânicas que o metaverso ainda não tem.
Através de um kit disponibilizado para os usuários, construído com a participação da animadora, qualquer pessoa interessada pode criar diferentes ações a serem performadas pelos avatares. E é através deles que Gomes tem levado mais do Brasil para o metaverso.
“Eu fiz um emote do quadradinho. Na época, tinha uma produtora brasileira na Fundação, e ela disse que queria um emote de quadradinho igual ao da Anitta. Ela perguntou se eu poderia fazer, e eu fiz. Na época do Carnaval, foi feita uma festa e eu também fiz um emote de samba. É legal, aos poucos a gente vai levando um pouquinho do Brasil lá pra dentro”, conclui.
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